Quarenta e oito anos de governação dividida, mal dividida, entre PSD e PS. A conquista da liberdade de abril de setenta e quatro podia e deveria ter lançado o país no caminho do progresso, da justiça e da educação.
Estas quase cinco décadas de governação trouxeram-nos até aos dias de hoje, época em que cumprindo o nosso triste fado, sobrevivemos alegremente na cauda da europa em praticamente todos os índices de desenvolvimento.
Alegremente, aceitando acreditar naqueles que ciclicamente se revezam no governo, porque basta uma dança de cadeiras para que as opiniões mudem em questão de dias, para não dizer horas.
Ambos e os seus pontuais aliados, querem hoje fazer-nos crer que um partido formado há três anos é a raiz de todo o mal que ameaça a nossa democracia. Estrategicamente, todos pintam as famosas linhas vermelhas tentando isolar aqueles que ousam colocar em causa os fundamentos em que assenta o edifico governativo e o status quo ao longo de várias gerações.
Para estes, populismo é dizer o óbvio, aquilo que sabemos ser verdade, aquilo que é de facto básico, tão básico que facilmente ilustra as mais elementares incapacidades daqueles que nos governam.
Os princípios da nossa governação seriam realmente simples de cumprir, no dia em que aqueles que pomposamente assumem as responsabilidades, olhassem de facto para a população e a colocassem no centro das decisões.
Ser estadista, ser visionário, ser de facto um servidor da causa publica, será um desígnio nobre apenas ao alcance de muito poucos, e esses, dificilmente serão oriundos de carreiras políticas iniciadas nas juventudes partidárias para as quais são atraídos, primeiro para abanar uma bandeira e colar um cartaz, mais tarde para assumir cargos para os quais não acumularam outras qualificações que não sejam a da retórica, manipulação e eleitoralismo. Só levantamos Portugal, quando efetivamente tivermos a capacidade de mobilizar o povo hipnotizado por subsídios, facilitismo e habituado a viver de migalhas dadas por quem aparentemente lhes faz um favor. Essa seria, se interessasse, a primeira missão de quem governa, de outra forma, terá que ser a de quem denuncia. Se isso é populismo, pois que seja e se traduza numa forma simples de comunicar.
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